quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Nove meses depois, a vida parece voltar, tranquila, ao normal. Se por um lado me fazem falta as rotinas, também as anseio com alguma desconfiança. Vivo com um corpo que me traiu, ou que foi traído por mim, ainda não percebi bem, e por isso olho para o dia a seguir com algum medo. Mas é um medo bom, daquele que nos põe borboletas na barriga e nos faz ter vontade de tudo.

Amanhã, se o meu corpo quiser, volto ao trânsito, ao metro apinhado, ao barulho da máquina do café, às conversas de secretária. Amanhã, se o meu corpo quiser, recomeço a vida no ponto em que a deixei, lá atrás, num dia frio em que usava um lenço ao pescoço. Por ironia, um lenço cor-de-rosa. Amanhã, se o meu corpo quiser, vou começar, lentamente, a esquecer mas sem nunca, nunca, deixar de me lembrar. E eu acho que o meu corpo vai querer…

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